Opinião | Série | The Handmaid's Tale
Confesso que sou aquele tipo de pessoa que, normalmente, passa o filme ou a série a tecer comparações com os livros (é mais forte do que eu!). Sou a pessoa que sai do cinema ou que acaba de ver um filme cujo livro já leu e que diz «o livro é melhor». Quase sempre. Já assisti a muitos «meh», já assisti coisas absolutamente horrorosas (já aqui terei falado da adaptação de Wayward Pines?) mas também já vi algumas adaptações que acabaram por me surpreender.
E é o caso do Handmaid's Tale. Já aqui partilhei a minha opinião sobre o livro, que achei banal, de certa forma. Mas acabei por nunca trazer a minha opinião sobre a adaptação a série porque, na altura, ainda estava a vê-la. Neste momento já terminei (há algum tempo) as duas temporadas e estou pronta para revelar a minha opinião com o mundo.
(retirada do livro) Uma visão marcante da nossa sociedade radicalmente transformada por uma revolução teocrática. A História de Uma Serva tornou-se um dos livros mais influentes e mais lidos do nosso tempo.
Extremistas religiosos de direita derrubaram o governo norte-americano e queimaram a Constituição. A América é agora Gileade, um estado policial e fundamentalista onde as mulheres férteis, conhecidas como Servas, são obrigadas a conceber filhos para a elite estéril.
Defred é uma Serva na República de Gileade e acaba de ser transferida para a casa do enigmático Comandante e da sua ciumenta mulher. Pode ir uma vez por dia aos mercados, cujas tabuletas agora são imagens, porque as mulheres estão proibidas de ler. Tem de rezar para que o Comandante a engravide, já que, numa época de grande decréscimo do número de nascimentos, o valor de Defred reside na sua fertilidade, e o fracasso significa o exílio nas Colónias, perigosamente poluídas. Defred lembra-se de um tempo em que vivia com o marido e a filha e tinha um emprego, antes de perder tudo, incluindo o nome. Essas memórias misturam-se agora com ideias perigosas de rebelião e amor.
Da história em si não poderei revelar mais do que revelei na minha opinião sobre o livro. É sempre complicado explicarmos alguma coisa sem denunciar os aspectos mais importantes. Mas a história não difere muito daquela que nos é transmitida no livro e o essencial está na sinopse. Todo o interesse neste livro ou nesta série terá que partir daí.
Com as suas diferenças, como faz parte em qualquer adaptação, Handmaid's Tale retrata uma América pós-apocalíptica um tanto diferente daquela que imaginava. Os rituais e as cerimónias descritas no livro também ficam àquem da minha imaginação mas, provavelmente, servem para descrever e retratar o doentio daquela sociedade de forma mais crua do que nos é transmitido pela visão de Margaret Atwood no livro. No entanto, o facto de, por exemplo, as servas falarem tão livremente entre elas na série, sem qualquer consequência, deixou-me ligeiramente de pé atrás. Mas enfim, se não falassem também não haveria grande diálogo nesta série. De qualquer forma, quem viu a série e leu o livro provavelmente saberá do que estou a falar. Não são apenas os diálogos curriqueiros entre servas, mas sim a sua posição que difere demasiado e, arrisco dizer, não faz qualquer sentido tendo em conta o tipo de sociedade implementada.
A partir do terceiro episódio da primeira temporada são introduzidos eventos que não constam no livro, intercalados com cenas que existem, tanto do presente como do passado. Não nego que alguns destes eventos vieram trazer mais emoção e acção à série, contribuindo positivamente para o seu desenvolvimento e culminar numa segunda temporada absolutamente brilhante.
Enquanto na primeira temporada temos algum desenvolvimento de personagens e nos é transmitido algum background para compreendermos aquela sociedade na sua plenitude, a segunda temporada é já uma espécie de revolta e rebelião que, sinceramente, faz muita falta no livro.
Senti que a história, ao contrário daquilo a que estamos habituados nas adaptações, teve uma evolução extremamente positiva, que lhe conferiu mais drama e dinamismo.
Gostei da primeira temporada, que me surpreendeu por não ter o ritmo lento e pouco desenvolto do livro; por ter explorado questões que não nos são respondidas no livro, de forma bastante inteligente; e por nos trazer mais «sumo». No entanto, foi a segunda temporada que me apaixonou verdadeiramente por esta série, que mostra muito mais a opressão contra as mulheres (apesar de tudo) do que o livro, onde a tendência religiosa está muito mais presente. Mudaram-se os tempos e os produtores da série fizeram um excelente trabalho ao transformar certos aspectos do livro, que ficaram mais adequados às nossas vontades.
Handmaid's Tale é uma série que recomendo a todos os fãs de distopias, especialmente se gostaram do livro ou se gostaram de outros como Vox, de Christina Dalcher ou O Poder, de Naomi Alderman. É uma das melhores adaptações que já vi e não irei perder pitada do que está para vir. Sinceramente, espero que o novo livro de Margaret Atwood, que se segue a Handmaid's, tenha uma grande inspiração nos eventos da segunda temporada da série. Se assim for, acredito que seja um livro a colocar na lista dos preferidos de sempre.
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