Opinião | Fahrenheit 451 | Ray Bradbury
Título original: Fahrenheit 451
Autor: Ray Bradbury
Editora: Saída de Emergência
Ano: 2018
Páginas: 208
Guy Montag é um bombeiro. O seu emprego consiste em destruir livros proibidos e as casas onde esses livros estão escondidos. Ele nunca questiona a destruição causada, e no final do dia regressa para a sua vida apática com a esposa, Mildred, que passa o dia imersa na sua televisão. Um dia, Montag conhece a sua excêntrica vizinha Clarisse e é como se um sopro de vida o despertasse para o mundo. Ela apresenta-o a um passado onde as pessoas viviam sem medo e dá-lhe a conhecer ideias expressas em livros. Quando conhece um professor que lhe fala de um futuro em que as pessoas podem pensar, Montag apercebe-se subitamente do caminho de dissensão que tem de seguir.
Este ano, apesar de complicado em leituras, tem trazido novos favoritos.
E este... Uau. Que livraço! Adorei e não podia recomendar mais. Se és fã de distopias e estás ou queres participar no Ler o Mundo ao Contrário (descobre mais sobre este desafio aqui) este livro decididamente é para ti.
Adiei a leitura deste livro por imenso tempo porque queria mesmo muito lê-lo e tê-lo nesta edição maravilhosa da Saída de Emergência. Graças à Cátia do Um Blog Sobre Livros finalmente consegui fazê-lo. Muito, muito obrigada, Cátia! E, à excepção de alguns problemas com "vagalumes", não me arrependo nada desta escolha.
Fahrenheit 451 é um clássico da distopia que se lê num abrir e fechar de olhos. Apesar de ser um livro bastante pequeno, o autor explora imensos temas, problemáticas e faz uma intensa crítica social ao longo destas poucas páginas. Desde a fogacidade da vida, à superficialidade, ao viver a vida no limite, sem aproveitar o tempo e dar valor às coisas reais, todos os temas que, se parares para olhar o mundo à tua volta, te ocorrem como males do mundo de hoje em dia, estão refletidos neste livro.
Ray Bradbury faz quase uma espécie de personificação do tempo para nos familiarizar com a sua ideia. É muito explorado o conceito de solidão, há até uma certa sensação de frio e austeridade sentida ao longo da narrativa que enraíza este sentimento. O tempo é quase como um espelho, que reflecte as pessoas e a sua luz (ou falta dela).
É descrita na perfeição uma era do descartável, em que as relações pessoais estão praticamente extintas, as pessoas são superficiais, fúteis até, e demasiado automatizadas e sem interesse. Existe, nesta história, uma perda dos conceitos de família e felicidade, é mesmo palpável a falta de familiaridade e dos conceitos de "lar", "conforto" e "acolhedor", que nos é transmitida por uma sensação de frio e austeridade.
O livro explora também as ideias de sobrepopulação e de violência de uma forma subtil mas bastante eficaz.
Existe uma enorme crítica social e da forma como sociedade evolui (ou, se formos honestos, regride) e fica ignorante com a tecnologia.
Mas, no fim, temos a antítese. A recuperação da capacidade de sonhar, de absorver o mundo e as coisas boas que ele nos oferece, sentir os cheiros e as texturas, o reaver da vida em tempo real e da vida real.
Senti que existe também ao longo do livro uma dualidade do fogo como catalisador de destruição (fogo que tira) e do fogo como sinónimo de recuperação e agregador, transmitido pela noção de fogueira e do conforto que lhe é comumente associado, um fogo que aquece e transmite esperança (fogo que dá).
Não podemos esquecer, obviamente, a importância dos livros nesta obra, e tudo o que simbolizam. Mas essa parte vou deixar em branco, para que a possas descobrir sozinho/a.
Como pudeste perceber, adorei esta leitura e tirei imensas notas à medida que ia lendo. Normalmente não releio livros, mas sinto que este merece ser lido vezes e vezes sem conta, de tão brutal que é. É um livro asustadoramente actual e extremamente importante. Decididamente uma obra fundamental, que recomendo a todos, sem excepção.
A todos os leitores, sem qualquer excepção.
Classificação no Goodreads: ✰✰✰✰✰
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