Opinião | Raparigas Selvagens | Rory Power
Título original: Wilder Girls
Autor: Rory Power
Editora: Topseller
Ano: 2020
Páginas: 384
«Tudo o que há aqui quase me destrói: o vazio do horizonte, a fome no meu corpo e perceber como conseguiremos sobreviver àquilo se não conseguimos sobreviver umas às outras.»
Há dezoito meses, a escola feminina da ilha de Raxter foi posta em quarentena. Dezoito meses em que Hetty e as suas colegas sobrevivem a algo tão desconhecido quanto sangrento.
Começou devagar e sem aviso. Primeiro, morreram as professoras, uma por uma. Depois, as alunas foram infetadas e os seus corpos mutilados pela doença. Disseram-lhes unicamente para aguardarem, em isolamento e à mercê da epidemia, até que uma cura fosse encontrada. É assim que, desde então, três amigas, Hetty, Byatt e Reese, sobrevivem.
Mas um dia, Byatt desaparece sem rasto e Hetty, desesperada, faz tudo para encontrá-la, inclusive quebrar a quarentena. Contudo, há uma outra razão para as saídas da escola terem sido proibidas. Lá fora, na escuridão da floresta, a epidemia tornou a ilha selvagem, escondendo horrores inimagináveis...
... e monstros desejosos por sangue fresco.
Mais um livro lido para o desafio Ler o Mundo ao Contrário. E um livro que dá vontade de ler só pela capa. Tiremos um minuto para a apreciar! E esta edição da Topseller é, toda ela, uma edição de luxo, com direito a lombada arredondada e tudo. Se mais nada vendesse o livro, isto seria o suficiente para muitos de nós, para enfeitar as nossas estantes. E obrigada por manterem a capa original, neste e noutros livros. Faz toda a diferença para quem adora as capas originais.
Relativamente ao livro, estamos perante o primeiro livro da autora Rory Power, que eu queria ler desde o primeiro minuto que ouvi falar dele.
É, claramente, uma distopia, em que várias meninas de um colégio se vêem confinadas numa ilha, após um surto de uma doença que as deixa... peculiares.
Um livro que se lê a um bom ritmo e que nos deixa intrigados para perceber o que se passa, que doença é esta e de que forma é que poderá (ou não) haver uma cura.
Mas diria que Raparigas Selvagens não é apenas uma distopia mas um livro de terror que se passa num cenário distópico. Não foram poucas as vezes em que torci o nariz perante descrições bastante gráficas e sangrentas das consequências desta doença. Muito mais arrepiante e, por vezes, nojento, do que muitos livros ou filmes de terror que já li e vi. Diria que o género em que este livro se encaixa está para a literatura YA como Às Cegas está para a literatura adulta.
Gostei dos personagens, não achei super elaborados, nem vi uma enorme evolução mas, ainda assim, são personagens com que facilmente simpatizamos.
Apesar de haver alguma dose de romance, não foi o ponto central desta história o que, para mim, acabou por ser bastante positivo. Afinal, foge ao clichê de muitas distopias YA, que acabam por cair nesse lugar comum. Mais do que o amor, a amizade e a sobrevivência, a dicotomia entre o bem e o mal ou o que está certo e está errado em prol de um bem maior, são alguns dos temas centrais neste livro.
O final do livro desapontou-me um bocadinho. Acho que em tantas páginas e com uma base tão sólida, a autora podia ter explorado muito mais e ter dado a conhecer algumas questões mais além do que nos é oferecido.
Não deixa de ser um livro que recomendo, especialmente se tens alguma curiosidade em explorar esta parte do terror num mundo distópico no universo YA, se és fã da trilogia Puros, de Julianna Baggott ou de vídeojogos como The Last of Us.
Classificação no Goodreads: ✰✰✰
O que farias, se estivesses preso(a) numa ilha, sem saber o que se passa no mundo?
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