Opinião | A Rapariga de Antes | J. P. Delaney

Ainda não foi desta. Continuo a minha luta para encontrar a minha leitura 5 estrelas deste ano e só me faltam 8 livros para completar o meu desafio do Goodreads (what?!).


Título: The Girl Before/A Rapariga de Antes (PT)
Autor: J. P. Delaney
Editora: Suma
Ano: 2017
Páginas: 400

Sinopse

«Por favor, faça uma lista de todos os bens que considera essenciais na sua vida.»

A tentar recuperar do final traumático de um relacionamento, Emma quer um lugar novo para viver. A casa que fica no n.º 1 de Folgate Street é uma obra-prima da arquitectura. O espaço está destinado a transformar o seu ocupante, e é precisamente o que faz.

Quando Jane encontra o n.º 1 de Folgate Street é instantaneamente atraída para o espaço. Depois de se mudar, Jane sabe da morte inesperada do inquilino anterior. Enquanto tenta descobrir o que realmente aconteceu, Jane repete involuntariamente os mesmos padrões, faz as mesmas escolhas e experimenta o mesmo terror que A Rapariga de Antes.


 - OPINIÃO (atenção, contém spoilers) -

Os thrillers psicológicos e domésticos estão na moda. É um facto. É também um facto que, por terem percebido que é género literário que vende, as editoras têm feito (e vê-se que fazem cada vez mais) um grande investimento de marketing neste tipo de livros. O que é verdade é que os homens compram mais policiais que as mulheres mas, com esta aposta e com títulos que nos remetem para personagens femininas, tem havido um grande boom de edição e de leitura deste género de livros.
Eu sempre li policiais e confesso que os prefiro aos tão aclamados thrillers psicológicos que, de psicológicos revelam ter muito pouco. Gosto daqueles policiais que efectivamente nos deixam de boca aberta no final ou que envolvem uma investigação «à séria» por suspeita de homicídio.
Este A Rapariga de Antes é mais um desses excelentes investimentos de marketing. Com todo o hype à volta deste livro, era um dos que me suscitou maior curiosidade. No entanto, quando nos lembramos de títulos de livros deste género - com um grande hype e uma campanha de marketing brutal - e vamos consultar as suas pontuações ao Goodreads, vemos que não passam de livros medianos que provavelmente ficariam esquecidos se não fossem os cartazes nos comboios ou as referências infindáveis no Facebook.

Foi um livro que, apesar de não ter exactamente o fim que esperava, não me surpreendeu nem por um minuto. Aliás, ainda não tinha lido 100 páginas e já estava a tecer paralelismos com As Cinquenta Sombras de Grey. Porém, nessa altura, parecia-me uma versão mais realista das Cinquenta Sombras e, no final, estava errada... Edward é só mais um obsessivo-compulsivo disfarçado de minimalista que gosta de sexo à bruta e à descarada e que as meninas lhe chamem "papá"!
Existe aqui uma mistura de conceitos que pode levar a uma má interpretação daquilo que é o tão em voga minimalismo. Embora reconheça que possa ser curioso abraçar o tipo de experiência que se vive no n.º 1 de Folgate Street, na minha visão, o livro ganhava muito mais se a casa fosse exactamente isso... uma experiência. Demasiado Sci-fi? Talvez... Mas a desilusão não seria tão grande.
No geral, não tenho nada a apontar aos personagens. Na realidade, nenhum é fiável e todos os que pensamos serem vítimas, afinal não o são. Aquele que pensamos ser o culpado, afinal é a única vítima. Para mim, não funcionou. Não consigo sentir pena, nem relacionar-me minimamente com um personagem que me parece uma cópia quase fiel de Chistian Grey.
O enredo deixou-me com a mesma sensação do início ao fim - nem empolgada, nem aborrecida. Queria saber qual ia ser o desfecho mas não estava em pulgas para descobrir. É um livro que flui, sem altos e baixos, sempre na mesma tonalidade.
No entanto, aplaudo a forma como está escrito ou, se preferirem, como está estruturado. Capítulos pequenos, com uma paginação que ajuda a uma leitura bastante rápida e confortável. A escrita a duas vozes, no passado e no presente, é muito interessante para conseguirmos acompanhar todas as semelhanças entre as duas mulheres que habitaram a mesma casa, em tempos e condições diferentes. O facto de existirem partes do questionário ao longo do livro não me disse nada e creio que seria mais interessante se fosse mais regular e enquadrado nos acontecimentos que se vão desenvolvendo.
Aplaudo também as várias referências à cultura nipónica que, sejam precisas ou não (confesso que não andei a verificar significados, nem conceitos), conferem um certo exotismo e chega até a ser uma lufada de ar fresco para o texto.
No final, foi a escrita e não o enredo que me levou a dar a pontuação que dei ao livro.


- RECOMENDO -

Quem gostou de A Rapriga no Comboio, de Paula Hawkins irá certamente gostar deste livro. Poderá também ser recomendado para alguns fãs de Gillian Flynn (Em Parte Incerta, Lugares Escuros, etc.) e poderá funcionar para quem tenha gostado de Ao Fechar a Porta, de B. A. Paris ou O Casal do Lado, de Shari Lapena.


Classificação no Goodreads: ✰✰✰

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