Opinião | As Flores Perdidas de Alice Hart | Holly Ringland

Antes de mais e, mais uma vez, agradeço à Porto Editora a cedência deste livro para poder ler e dar a minha opinião. Muito obrigada!

Título: The Lost Flowers of Alice Hart / As Flores Perdidas de Alice Hart
Autora: Holly Ringland
Editora: Porto Editora
Ano: 2018
Páginas: 400


Um romance sobre as histórias que deixamos por contar e sobre as que contamos a nós próprios para sobrevivermos.


Alice tem nove anos e vive num local isolado, idílico, entre o mar e os canaviais, onde as flores encantadas da mãe e as suas mensagens secretas a protegem dos monstros que vivem dentro do pai.

Quando uma enorme tragédia muda a sua vida irrevogavelmente, Alice vai viver com a avó numa quinta de cultivo de flores que é também um refúgio para mulheres sozinhas ou destroçadas pela vida. Ali, Alice passa a usar a linguagem das flores para dizer o que é demasiado difícil transmitir por palavras.

À medida que o tempo passa, os terríveis segredos da família, uma traição avassaladora e um homem que afinal não é quem parecia ser, fazem Alice perceber que algumas histórias são demasiado complexas para serem contadas através das flores. E para conquistar a liberdade que tanto deseja, Alice terá de encontrar coragem para ser a verdadeira e única dona da história mais poderosa de todas: a sua.



Por onde começar? Em primeiro lugar, normalmente não leio romances mas, depois de todo o hype à volta deste livro pelo booktube português e pelos blogs fora, não podia deixar de o ler, ou a minha curiosidade matava-me. Além disso, este livro é mais que um romance, é também um drama familiar. E não me arrependo nada de o ter lido. Aliás, o primeiro parágrafo do livro prendeu-me de imediato e não o larguei mais. Pelo caminho deparei-me com algumas dificuldades, mas já lá vamos.
Quando peguei n'As Flores Perdidas de Alice Hart, não pensei que o livro estivesse dividido em três partes diferentes (não li, nem vi opiniões completas propositadamente), envolvendo as três fases da vida de Alice - infância, adolescência e adulta. Estas três fases formam um ciclo completo não só na vida da Alice, mas também ao encaixar histórias de outros personagens na sua própria história. Personagens essas que são extremamente bem elaboradas, principalmente quando se tem em conta que se acompanha o seu crescimento e amadurecimento ao longo da narrativa.
A parte que mais gostei foi, sem dúvida, a da infância. É a parte mais poderosa, digamos, a mais intensa, a mais chocante, de certa forma. No meu íntimo, apesar de ser algo brutal, não queria que esta parte terminasse. Gostava muito de saber qual o desfecho que a autora daria a esta história, caso não se dessem os acontecimentos que conduzem à segunda parte deste romance.
A parte que menos gostei, e com a qual me debati a certa altura, foi a terceira. Numa primeira fase parecia-me que estava a ler um segundo livro dentro do original; depois,  o ritmo (extremamente rápido no resto do livro) abrandou substancialmente e, nalgumas alturas, debati-me para o continuar a ler porque estava mesmo com dificuldade em avançar na leitura. No entanto, algures pelo meio, dá-se um episódio que faz com que o livro volte a entrar nos eixos e tudo volta a fazer sentido. Os acontecimentos começam a encaixar uns nos outros numa espécie de efeito bola de neve, dando sentido ao tal ciclo que referi mais atrás.
Holly Ringland dá-nos a conhecer os cantos mais recônditos da Austrália - alguns imaginados pela própria - na presença do doce aroma das flores autóctones, sem descrições exaustivas ou desnecessárias.
É quase impossível acreditar que este é o primeiro livro da autora. A pesquisa que ela fez e o trabalho que teve na elaboração de uma espécie de conto de fadas baseado (também) em histórias que lhe foram passadas por outras pessoas - para mim é muito importante ler os agradecimentos e as notas que os autores escrevem no final dos livros para perceber um pouco mais sobre o seu trabalho e para poder perceber um bocadinho mais da sua intenção e dar sentido à forma como nos é dada a conhecer a sua obra - contribuem para que o livro tenha ainda mais valor.
Extremamente bem escrito e planeado, pensado ao pormenor, é, sem dúvida, um livro notável, que aborda temas tão importantes como a violência doméstica, o amor, a amizade, a busca de nós próprios e a reconciliação. Fenomenal para amantes de flores e essencial para amantes de livros.
O primeiro contacto com a autora é extremamente positivo e leva-me a pensar que o próximo livro poderá ser uma obra prima.
Não é a primeira vez que leio autores australianos mas, sem dúvida, que continuam a surpreender-me pela positiva.
Este livro vale mesmo a pena e, caso ainda não o tenham, façam o favor de o comprar. Leiam, ofereçam-no no Natal a todos aqueles que vos são próximos e, principalmente, aquelas pessoas que procuram um sentido para si próprias. Talvez este romance as inspire a encontrá-lo. Recomendo.


Recomendo a todos os amantes de flores, de livros, de um livro bem construído, com personagens fortes e bem elaboradas.
Recomendo a todos aqueles que procuram um rumo na vida.



Classificação no Goodreads: ✰✰✰







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