Opinião | Filme | Variações

Há anos que não via um filme português e confesso que não sou a maior apreciadora do nosso cinema, daí ter visto o último há demasiado tempo para me lembrar qual foi.

Mas depois de ver o trailer de Variações, por ser vagamente conhecedora e apreciadora do reportório do cantor, e por ser um português que sempre despertou o meu interesse, a minha curiosidade ficou espicaçada e quis ver, de imediato.

O filme segue a vida António Ribeiro, comummente conhecido como António Variações, que é muito bem retratado neste filme por Sérgio Praia. Foi logo aqui, com a escolha deste actor, desconhecido para mim, que comecei a ver as diferenças no cinema português entre os filmes que vi, mais antigos, e este. Uma prestação irrepreensível que, para mim, não fica muito atrás das de Rami Malek (Bohemian Rhapsody) ou de Taron Egerton (Rocketman).

Nota-se uma grande evolução cinematográfica, de fotografia, tudo... É um filme de enorme qualidade e que não fica atrás da escola francesa ou espanhola, que são muito boas, na minha opinião.

É um filme que deixa de lado as vulgaridades que se viam em muitos dos filmes mais antigos, mesmo os mais conhecidos, com actrizes avantajadas, que mostravam tudo e mais um par de botas para vender meia dúzia de bilhetes a mais e chamar às salas de cinema os residentes do mítico Cinebolso. Perdoem-me, mas é a minha opinião.

Ora, este Variações é um filme que se pode encaixar perfeita e completamente na categoria de sétima arte. Além da excelente representação do actor, da excelente fotografia e cinematografia, que faz deste filme um must see, destaco também a importância de conhecer a vida desta figura tão importante na história de Portugal. António Variações foi um homem que trouxe para Portugal influências muito importantes para a evolução da música. Variações era um homem excêntrico para altura, num Portugal (sempre) muito fechado e conservador, que não compreendia esta excentricidade e cena new wave que o cantor abraçava e que estava em voga noutros pontos do globo.

É um filme fundamental para dar a conhecer este cantor às novas gerações e para mostrar às mais antigas a sua importância e influência em algumas bandas actuais.

Apesar de ser um bom filme, que recomendo a toda a gente sem excepção, não é perfeito. Tenho a apontar o facto de não serem muito bem explorados os contornos da morte do cantor, que ficam pouco explícitos para quem não conhece a sua história. Mas, para mim, o mais grave é o facto de não explicarem a proveniência da adopção do apelido "Variações", num filme que o usa como título. Esta é uma falha imperdoável.

No geral, é um bom filme, com um bom ritmo, que vale muito a pena ver.

Se ainda não viram este filme, recomendo que o façam. Nos primeiros dias encheu salas de cinema e é muito importante que assim continue, é sinal que todos os portugueses têm interesse em vê-lo e em apoiar o nosso cinema que, a continuar com a qualidade deste filme, tem tudo para ser um sucesso!

Se já o viram, deixem a vossa opinião, digam que aspectos gostaram mais e que aspectos gostaram menos. Quero muito conhecer mais opiniões sobre este filme.

E se tiverem interesse em conhecer mais sobre a vida do cantor, recomendo que leiam o livro António Variações - Entre Lisboa e Nova Iorque, de Manuela Gonzaga, que podem comprar aqui.

Classificação no IMDB: 7/10

 
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