Opinião | A Minha Avó Pede Desculpa | Fredrik Backman

Sei que tenho faltado um bocadinho à consistência na publicação de novos posts. Por força de algumas circunstâncias, assim será, por tempo determinado. Hoje trago-vos uma nova opinião e, em breve, trarei o resultado do último Giveaway. Boas leituras!


Título: My Grandmother Asked Me to Tell You She's Sorry/ A Minha Avó Pede Desculpa
Autor: Fredrik Backman
Editora: Porto Editora
Ano: 2018
Páginas: 336


Elsa tem sete anos de idade, quase oito, e é diferente. Para já, tem como melhor - e única - amiga a avó de setenta e sete anos de idade, que é doida: não levemente taralhoca, mas doida varrida a sério, capaz de se pôr à varanda a tentar atingir pessoas que querem falar sobre Jesus com uma arma de paintball, ou assaltar um jardim zoológico porque a neta está triste. Todas as noites, Elsa refugia-se nas histórias da Avozinha, cujo cenário é o reino de Miamas, na Terra-de-Quase-Acordar, um reino mágico onde o normal é ser diferente.

Quando a Avozinha morre de repente e deixa uma série de cartas a pedir desculpa às pessoas que prejudicou, tem início a maior aventura de Elsa. As cartas levam-na a descobrir o que se esconde por detrás das vidas de cada um dos estranhíssimos moradores de um prédio muito especial, mas também à verdade sobre contos de fadas, reinos encantados e a forma como as escolhas do passado de uma mulher ímpar criam raízes no futuro dos que a conheceram.

A Minha Avó Pede Desculpa é uma belíssima história, contada com o mesmo sentido de humor e a mesma emoção que o romance de estreia de Fredrik Backman, o bestseller internacional Um homem chamado Ove.


Ora bem, passado um mês e meio de leitura, por vezes sofrida, consegui finalmente acabar este livro. Não, não é que o livro seja mau, mas já lá vamos.

A Minha Avó Pede Desculpa, à semelhança de outros livros que são considerados realismo mágico, explora a relação de Elsa, uma menina de quase 8 anos, com a sua avó e com as pessoas que a rodeiam num seio muito próximo, através de um tom algo fantasioso. A Avozinha de Elsa cria um mundo imaginário, no qual inclui vários personagens - heróis e vilões - e diversos reinos, com direito a guerras, princesas e a tudo o que os contos de fadas devem contemplar.

Não foi fácil entrar na Terra-de-Quase-Acordar e não consegui estabelecer qualquer empatia com esse mundo. Aliás, muitas vezes era mesmo o livro que me adormecia e dificultava ainda mais a minha leitura. Acredito que o problema seja inteiramente meu e não do livro. Demorei imenso tempo a entrar na história e, às tantas, já não estava com a disposição certa para o ler. Isso fez com que houvessem partes que, para mim, foram extremamente difíceis de digerir e, consequentemente, que demorasse tanto tempo a ler este livro.

Os personagens são bem construídos, com personalidades (demasiado?) fortes e extremamente determinados. Podemos amá-los ou odiá-los mas raramente nos serão indiferentes. Curiosamente, foi com a Elsa que não senti especial empatia. Tendo em conta que também fui criada pela minha Avozinha, esperava simpatizar mais com a menina do que realmente acabou por acontecer. As relações entre os personagens, que nos parecem tão conflituosas à primeira vista, estão extremamente bem estruturadas e, quando temos em conta que praticamente todo o enredo se passa dentro das paredes de um único prédio e à volta dos seus habitantes, percebemos o bom trabalho do autor na construção narrativa e na ligação das pontas de todas as histórias que ali se vivem.

Foram, portanto, as últimas 100 páginas do livro que conseguiram, de certa forma, conquistar-me. É nestas poucas páginas, quando é desvendado o mundo de Miamas e atingimos o clímax da história (que é, ao mesmo tempo, inesperado e que acontece um bocadinho rápido demais), que percebemos os personagens e quais foram as condicionantes de vida que os levam a agir de certa forma, e não de outra, perante as peripécias vividas naquele ambiente. Isso sim, para mim, valeu o livro inteiro.
Ainda assim, a certa altura já dizia "Agora já está a encher chouriços" e, então, eis que o autor nos brinda com estas frases, que acabaram por fundamentar a minha opinião:

«É difícil acabar um conto de fadas. Todas as histórias têm de ter um fim, claro. Algumas deviam terminar bem depressa. Esta, por exemplo, talvez pudesse ter sido concluída e despachada há muito tempo.»

No meu ponto de vista, o livro não precisava de ser tão longo. A ideia principal é boa e acho que se fosse explorada em menos páginas não lhe iria faltar conteúdo.
Considero que poderá ser um bom livro para fazer a transição da leitura YA para adulto já que não é exageradamente denso e, com uma personagem principal tão novinha, torna-se num livro fácil para concretizar essa passagem.

Depois de ler um livro que toda a gente acha extremamente comovente sem me emocionar minimamente, quase concluo que não tenho coração. No entanto, gostei do livro q.b. (consigo ver-lhe as qualidades mas também encontro alguns defeitos) e considero um dia dar oportunidade a outros livros do autor, com melhor disposição para os ler já que acredito que poderão ter potencial para lhes dar melhor classificação.



1) A fãs do livro Um Oceano no Fim do Caminho, de Neil Gaiman.
2) A todos os que se queiram iniciar na leitura de livros adultos.


Classificação no Goodreads: ✰✰✰







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Comentários

  1. Deixa estar que eu também XD a vida acontece e a gente não consegue dispor tanto tempo para outras coisas...

    Beijinhos,
    O meu reino da noite
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    Respostas
    1. Podes crer... e quando dás conta, ainda nem são 22h e já estás a dar tudo por tudo para estar na cama, a ler um livro sossegada ou a dormir que nem um bebé xD Tu ainda tens um rebento para te sugar as energias, eu só tenho pouca energia xD

      Beijinhos ^^

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